terça-feira, 31 de julho de 2012

Era pra ser um texto de aniversário


Sete de julho de mil novecentos e noventa e quatro. A seleção brasileira jogava na copa do mundo. Incidentes diplomáticos entre Brasil e Argentina aconteciam. Bill Clinton era o presidente dos Estados Unidos. As mulheres do partido democrático, em Taiwan, tiraram os seus sapatos e bateram os saltos na mesa do congresso. O Mussum já estava doente. O real tinha acabado de ser adotado. Porta-moeda era item de luxo. A passagem de ônibus na cidade de São Paulo era cinquenta centavos. E eu nasci.
Vi a troca do milenio. Morei em duas cidades e cinco casas diferentes. Meus pais tem separação de corpos. Tenho duas irmãs. Prometi visitar minha vó, não fui. Ela morreu. Me formei no ensino médio. Sou muito apaixonada. Fui feliz num palco. Sinto falta. Tenho medo de cair. Não durmo mais no silêncio. Minha cachorra se chama Cocada. Não gosto de balada. Tenho medo de filmes de terror. Meu siso está nascendo. Minha cor preferida é verde limão. Dificilmente me relaciono bem com mulheres. Sou fã do Johnny Depp, Fernando Anitelli, Chico Buarque e Renato Russo. Sempre sonhei em ser tia. Quando era pequena queria trabalhar na NASA. Prefiro fanta do que coca. Faço coleção de canecas. Prefiro olhos castanhos. O nome do meu filho será Hector. Namoro a um ano e quatro meses. Só conheço quatro estados. Nunca andei de avião. Não gosto de tecnologia. Procrastinei pra escrever esse texto. Passei numa universidade estadual e não fui. Dia dezenove é sempre um dia feliz. Acredito que só conhecemos as pessoas pelos detalhes. Então muito prazer, prefiro que me chamem de Fabi.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Sonhar, delirar, enlouquecer...
Sonho. É querer demais mais de um sonho? É padrão demais falar " quero a paz mundial"? 
Nenhum sonho é tolo se tem ao menos uma pessoa lutando por ele.
Quando parei pra pensar em qual era o meu sonho, pensei em vários que já tive. Sonhar é um ciclo. É uma busca. Você sonha. Concretiza. E tem que buscar algo novo.
Então pensei qual é o meu sonho nesse instante. Não é ter dinheiro. Não é passar no vestibular. Não é casar. Não é ter filhos. Esses são sonhos passageiros.
E eu queria falar de um sonho que não fosse passageiro. 
Refleti então que não é o sonho que importa. É a sensação que ele trás. É como você se sente no instante que realiza. É ser feliz.

Minha busca maior é ser feliz. Em todos os momentos, todos os dias, eu busco essa felicidade. Em cada movimento eu busco felicidade.
E eu não sou tão egoísta a ponto de querer que só eu seja feliz. Quero que todos no mundo consigam ser felizes! O mundo seria melhor.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Bom dia!

Quando se perde alguém, não se sabe direito se a pessoa foi embora há uma noite ou há catorze anos.
Nunca disse “eu não me lembro de você”. Nunca esqueci ninguém. Ser esquecido deve ser uma das piores sensações do mundo. Ser esquecido por alguém é ser indiferente em uma vida, é ser mortal.
Sempre achei que o bom da vida fosse fazer a diferença na vida das pessoas, dar “bom dia” pro motorista do ônibus pra que o trabalho dele ficasse mais feliz. Uma vez me disseram que gostavam de ouvir o meu "boa noite", eu acreditei.
Abraçar alguém é pra isso, saber o quanto uma pessoa gosta da outra – acredito nos sentimentos - pra quando eu morrer sempre se lembrarem do meu abraço. 

quarta-feira, 16 de março de 2011

Ela: Quando você foi embora senti frio.

Ele: Quando acordei, percebi que tinha deixado espaço pra você na cama.

Ela: Sempre que o telefone toca, eu espero que seja você.

Ele: Não me espera, ta?

Ela: Se você não vier, eu vou te procurar...

Ele: Senti que não tava preparado pra viver minha vida sem você... Se eu fosse, deixaria com você tudo que eu preciso pra me sentir bem.

Ela: Eu não consigo mais olhar pra você e acreditar no que você diz.

Ele: Você me perguntou se me teria de volta, não perguntou quando...

Ela: Por favor...

Ele: A gente aprende...

Ela: Perdão.

Ele: A gente deixa o tempo passar e vê o que acontece.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Desabafo.

Amar. Alegrar. Entristecer. Criar regras de conduta e moral pra podermos viver em ordem na sociedade. Trabalhar. Entregar pensamentos e segredos de uma vida para alguém. Morrer.
Ou apenas morrer.
Não temo a morte, temo ter aquela dor de estomago todos os dias.

A gente não vive em vão. Acho que se vivêssemos apenas por viver, não teríamos desenvolvido a capacidade de sentir angustias e saudades.
Desde pequena, criei um mundo alegórico pra confortar minha saudade, quase como a Terra do Nunca. Depois de crescida, percebi que esse mundo já tinha sido criado por outra pessoa, que eram as mesmas idéias e os mesmos princípios. Isso me fez pensar que eu não sou louca.


Mas por outro lado, acreditar em algo surreal para se confortar é uma espécie de desvario, não é?

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Recorte

Abri o armário, tinha um pão mofado, um pote de achocolatado, um pacote de café e um liquidificador que parecia não ser usado há muito. Abri a geladeira, tinha cerveja, uma romã podre, orégano e um requeijão light estragado.
Por mais que tenhamos intimidade com alguém, quando nos afastamos, essa intimidade desaparece repentinamente, e a gente percebe isso nas coisas mais simples. Como ter vergonha de jogar o absorvente no lixo de um banheiro que só um homem freqüenta.

É uma sensação constrangedora quando o seu pai fala de sexo e ele sabe que você sabe o que significa.
Ele me levou num lugar que tocava pagode. Ele dizia conhecer todos e realmente cumprimentava todos. Mas acho que fazia isso só pra me impressionar, como se eu fosse a mais nova namorada dele, pois na verdade, acho que ninguém o conhecia.

Naquele lugar havia pessoas feias cantando palavras sem som. 

Vi meus sonhos em outras mentes. Descobri que café requentado não tem o mesmo efeito que café fresco. Meu pai tem uma namorada. E no final do dia eu uso drogas. 

                                                                                        


                                                                                    [E esse é um texto incompleto]

domingo, 30 de janeiro de 2011

Ás vezes o tempo passa

Metade da cidade se calou!
Noites de verão são tão bonitas pra serem desperdiçadas, trocadas pela luz da cozinha acesa.

Hoje eu vi um menino negro no metrô, devia ter uns sete anos no máximo, ele tava olhando pra uma menina boliviana de um ano e alguns meses.
Ele sorriu e ela devolveu o sorriso.
Nesse instante eu não sabia o que me deixava mais interessada, a candura das crianças ao não se importarem com a etnia, de simplesmente quererem brincar uma com a outra.
Ou a maturidade nos olhos daquele garoto ao estar alerta para dar a sua vida pela da menina.
Lembro de quando eu tinha oito anos e cuidava da Maria Luíza, eu tinha tanta pressa pra crescer e ter minha própria filha... passou.
Hoje eu tenho certeza que temo o futuro pela incerteza que vem com ele.

Passei pela rua em que morei durante anos, nessas horas que a vida parece passar como um DVD na nossa mente. Olhei e reparei que nada mudou, eram as mesmas pessoas, a mesma chuva, a senhora que vende milho não envelhecera um ano e o senhor com problemas mentais ainda sobrevive de esmolas no mesmo farol.
Percebi que foi bom eu ter saído daquele lugar, acho que se ficasse lá não teria mudado como todo o resto. O engraçado é que quando me olho no espelho, não vejo uma formanda do ensino médio, vejo a garota de onze anos que quando voltava da escola dividia um guarda chuva com a mãe pra não tomar aquela chuva.

E a pressa pelo descanso morreu.